domingo, 24 de novembro de 2013

Resenha: Bela Maldade (Rebecca James)

Título Original: Beautiful Malice
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 302
ISBN: 9788580570816
Sinopse: Após uma horrível tragédia que deixou sua família, antes perfeita, devastada, Katherine Patterson se muda para uma nova cidade e inicia uma nova vida em um tranquilo anonimato. Mas seu plano de viver solitária e discretamente se torna difícil quando ela conhece a linda e sociável Alice Parrie. Incapaz de resistir à atenção que Alice lhe dedica, Katherine fica encantada com aquele entusiasmo contagiante, e logo as duas começam uma intensa amizade. No entanto, conviver com Alice é complicado. Quando Katherine passa a conhecê-la melhor, percebe que, embora possa ser encantadora, a amiga também tem um lado sombrio. E, por vezes, cruel. Ao se perguntar se Alice é realmente o tipo de pessoa que deseja ter por perto, Katherine descobre mais uma coisa sobre a amiga: Alice não gosta de ser rejeitada...



Confesso que comprei esse livro por dois simples motivos, estar na promoção: R$ 4,45 e por ter visto comentários positivos sobre ele. Bela Maldade é um bom livro, mas acho que é apenas isso. Um aplauso para a autora, que escreve muito bem, o livro é fluído e conseguiu me surpreender um pouco no final. Mas isso não quer dizer que o livro é brilhante. Não no meu ponto de vista. 

Se servir de consolo, comprei livros muito mais caros e bem piores. Sem querer comparar, pois são estilos diferentes - mas já comparando, ele ganha de 50 tons de cinza, por um simples motivo: a autora sabe escrever. Mas sei que essa foi uma comparação "cretina" e nada a ver, por isso vamos pular para a próxima. 

O que mais senti falta no livro foi de uma construção melhor dos personagens e um aproveitamento melhor da história. Alice, a nossa vilão/psicopata não é bem retratada ou explorada. Senti falta de detalhes, de mais histórias. Maldades pontuais foram jogadas ao vento, mas só me soou meio patético. Falando de patético, um outro problema que senti, foi a falta de profundidade dos personagens, tirando o Robbie e a Katherine, os outros personagens, que fazem parte relevante da história, como o Mick, fiquei sem entender várias coisas sobre a vida dele.

Uma coisa que me incomodou muito nessa história, foi a personagem principal. Sério, em nenhum momento consegui sentir pena dela,compaixão ou me conectar. Mas também não consegui me conectar com a vilã. Sempre tive uma teoria, de que ou a vilão me conquista ou a mocinha. Mas nenhuma me cativou. Senti falta disso. Senti falta também de um thriller psicológico mais intenso, como me foi prometido na sinopse e nos comentários da capa do livro. 

Mas uma coisa que me surpreendeu nesse livro: o início me pareceu melhor que o fim. E isso pra mim é novidade. Tá o inicio da amizade da Katie e da Alice é meio forçado. E por mais que a Katie no começo dissesse que queria se manter distante de todos, a forma como se envolveu com Alice mostrou bem o contrário. Ela parecia desesperada para se enturmar. 

Resumindo, se me perguntassem se vale a pena ler esse livro, diria, tá com pouco dinheiro? Quer alguma coisa rápida pra ler? Então pega o livro Bela Maldade. Não é de todo ruim, como disse, é bem escrito, não é uma novelinha adolescente, e pra quem não gosta de suspense, pode ler, não há nada que te deixará assim chocado e com medo. Sério. Desses livros de baratinhos que rola nessas promos da Saraiva provavelmente é um dos melhorzinhos. Vale os 5 ou 10 contos que você vai pagar por ele. E sinceramente, pode ser até melhor. Todas as críticas que li do livro, sempre foram muito boas. Talvez só seja eu sendo meio chata e implicante com o livro, mas tinha de ser. Tinha de ser honesta com a minha opinião. 

Um ponto positivo, que estava me esquecendo de ressaltar. O livro é lindo, quer dizer, a estética e diagramação.

"Tenho meus segredos, e aprendi que fazer perguntas só serve para me expor ao risco de ser interrogada também. É mais seguro não ser muito curiosa em relação aos outros, é mais seguro não perguntar." pg.13

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Resenha: A Resposta (Kathryn Stockett)


Título Original: The Help
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 573
ISBN: 9788528614619

Sinopse: O romance, história de otimismo ambientada no Mississippi em 1962, durante a gestação do movimento dos direitos civis nos EUA. A trama segue Eugenia "Skeeter" Phelan, jovem que acabou de se graduar e quer virar escritora, mas encontra a resistência da mãe, que quer vê-la casada. Aconselhada a escrever sobre o que a incomoda, Skeeter encontra um tema em duas mulheres negras: Aibileen, empregada que já ajudou a criar 17 crianças brancas mas chora a perda do próprio filho, e Minny, cozinheira de mão cheia que não arruma emprego porque não leva desaforo dos patrões para casa.


Em algum dia de 2012, não lembro a data correta, assisti um filme chamado Histórias Cruzadas. Achei ele ao acaso, e num dia sem série nenhuma para assistir, resolvi arriscar. De lá pra cá, devo ter assistido a esse filme mais umas duas ou três vezes. Sim, ele é bom esse tanto, e até mais. E foi a partir dele que descobri o livro, The Help, traduzido aqui no Brasil como A Resposta.

O livro, pelo simples motivo de custar mais de 30 dilmas, ficou na minha lista de desejados por um ano, ou quase isso, e por 'n' motivos não li assim que comprei. Ficou lá na minha estante, esperando boa vontade de minha parte. Resolvi fazer um desafio para mim: desencalhar meus livros novos das prateleiras e começar a ler. O primeiro escolhido pra esse desafio, foi, é claro, esse livro.

A Resposta possui quase 600 páginas, e de tão bom que é, consegui ler todinho em apenas 2 dias. A escrita é simples, inteligente e cativante. As partes da Aibileen e da Minny são mais coloquiais, com termos como "tou" - fazendo o leitor sentir, que elas estão ali, do seu ladinho, contando as histórias para você. Já as partes da Skeeter, por ela ser de família branca e estudado, seus diálogos são mais formais, e ainda assim, você sente a proximidade com a personagem.

Quando começa a mergulhar nas estórias daquelas mulheres, não quer  mais parar. Tive um apego em especial pela Minny. Ela é daquelas personagens divertidas, que fala demais, age muitas vezes sem pensar, mas tem um bom coração. Para ela é difícil aceitar calada todas as humilhações. Aibileen é daquelas que você adquiri uma profunda admiração e respeito. Como não gostar daquela senhora, que apesar de tudo o que passou na vida, ama muito as crianças que criou. Crianças, que com pesar no coração, ela reconhece que crescerão para se tornarem patroas/patrões preconceituosas, que pregam o discurso que negro é diferente e pior que o branco. Já a Skeeter, ela é daquelas garotas especiais, filha de fazendeiro, que mesmo tendo crescido ouvindo uma coisa, é corajosa e vai construir sua própria opinião, mesmo que para isso se distancie da sociedade em que vive. Além das dificuldades de equilibrar o que acredita, e ainda conseguir conviver com as atitudes racistas de suas amigas, namorado e até da mãe. 

E como não citar a vilã, dona Hilly, uma das personagens mais odiosas que tive o desprazer de conhecer no mundo dos livros. Sério. Ela não é só fruto de uma sociedade preconceituosa, que alienada, reproduz aquilo que sempre aprendeu. Ela é daquelas que alimentam o preconceito, cria  maldades e situações só pelo prazer de fazer mal às pessoas. E como não podia ser, ela é o tipo de pessoa que serve de líder para a comunidade, formadora de ódio opinião. Minny em alguma parte do livro diz que ela é o demônio, e não posso deixar de concordar.   

O que mais me admirou nesse livro é a forma despretensiosa em que assuntos polêmicos (racismo, violência contra a mulher, ações da KKK) são abordados. Claro que você ao ler se indigna com o tipo de sociedade retratada, é uma época de intolerância, ignorância e esnobismo sem igual. Mas ainda assim, o jeito que a autora encontrou para relatar esse período é suave e você só quer ler mais e acompanhar a vida dessas três heroínas, torcer por elas e continuar ouvindo e ouvindo as boas (ou não tão boas) estórias que elas tem para nos contar. 

Trechos do livro (nem escolhi os melhores plots, esses ficam como surpresa para quando lerem o livro):
"No primeiro dia na casa da minha patroa branca, comi meu sanduíche de presunto na cozinha, coloquei meu prato no meu lugarzinho no armário. Quando aquela pirralha roubou a minha bolsa e escondeu no fogão, não dei tapa nenhum no traseiro dela. Mas quando a patroa branca disse: 'Agora quero que você lave todas as roupas à mão primeiro, e então coloque na máquina de lavar para arrematar.' Eu disse: 'Por que eu preciso lavar a mão se a máquina vai lavar? É a maior perda de tempo que já vi.' Aquela patroa branca sorriu pra mim, e, cinco minutos depois, eu tava no olho da rua." Minny
"Desisto de resistir e acendo um cigarro, apesar de ontem à noite o secretário de Saúde ter aparecido na televisão e balançando o dedo para todo mundo tentando nos convencer de que fumar vai nos matar. Mas mamãe uma vez me disse que beijo de língua me deixava cega, e estou começando a pensar que é tudo um grande complô entre o secretário de saúde e a minha mãe para fazer com que ninguém mais se divirta." Skeeter
"- Ela contou que tavam faltando só setenta e sete doláres para pagar a matrícula? Ela pediu empréstimo pra dona Hilly, sabe? Disse que pagaria de volta um pouco a cada semana, mas a dona Hilly disse que não. Que cristão de verdade não faz caridade a quem tá bem e saudável. Disse que é mais solidário resolverem as coisas sozinhas." Aibileen

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Resenha: Como eu era antes de você (Jojo Moyes)

Título Original: Me Before You
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
ISBN: 9788580573299
Sinopse: Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe.
Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro.



Jojo Moyes é um Nicholas Sparks de saia, pelo menos neste livro. Não sei se todos os livros dela tem essa pegada meio melosa, lagrimosa e romântica, mas Como Eu Era Antes de Você é assim, bonito e ao mesmo tempo triste. Merecia uma nota maior, pois é bem escrito, emocionante, mas alguma coisa em mim tem uma pequena resistência. Talvez seja meu eu romântico clamando, pelo menos nesse livro, por um final feliz. Entenda que não sou daquelas que só querem um felizes para sempre. Meu TOP 2 em história de amor está nessa posição por um simples motivo, sair do clichê de que tudo dá certo no final (N.A.: Por TOP 2 entenda: ... E O Vento Levou). Desses Sick Lits que andam rolando e virando modinha por aí (consigo lembrar de três no momento: A Culpa é das Estrelas, de John Green; Os 13 Porquês, de Jay Asher; e Cante Para Eu Dormir, de Angela Morrison), Como eu era antes de você foi o mais bem escrito, emocional e que fez realmente sentido para mim. 

Essa história é tão triste, densa, pesada e aborda uma questão polêmica em nossa sociedade: a eutanásia. Li esse livro tem um tempo, mas demorei para escrever a resenha, por um simples motivo: não sabia ao certo meu sentimento com relação à história. É um livro rápido, devorei de uma "veizada" só, mas precisei de tempo para refletir, sobre Will, sobre a Lou, sobre seus pais e sobre mim mesma. Mas vamos a história em si.

Will, com seus 35 anos de vida muito bem vividos, se vê diante de uma escolha impossível: viver sem poder realmente VIVER ou terminar sua vida. Mas ele já tem sua decisão tomada, e é uma das poucas coisas, que podemos perceber durante todo o livro, que ele ainda tem o controle. Por mais que eu odiasse a escolha do Will, por sentimentos pela Lou e seus pais, com o tempo, percebi que esse é um dos únicos momentos que você pode ser egoísta. Sim, egoísta, pois ao terminar com seu sofrimento, ele dá inicio a um profundo sofrimento naqueles que o amam. Me lembro então de uma frase inocente, simples e verdadeira do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

Vamos para Lou, nossa heroína, que cresce tanto em poucos meses, que quase não a reconhecemos se compararmos o "eu" ela de antes com o seu "eu" depois de Will. E e aí que percebemos que o título era correto, Como eu era antes de você é muito mais do que uma história sobre eutanásia, doença e amor, é uma história de amadurecimento e conhecimento de si mesma. Sem Will, talvez Lou passasse a vida inteira fazendo a vontade dos outros, em um relacionamento infeliz, em um emprego de conveniência e sem ao menos perceber, olharia para trás com o sentimento de vazio. Com o tempo, ela percebeu que o que ela queria importava, e que ela não precisava se contentar com pouco, e que fazer coisas para ela mesma não era ruim, pensar em si mesmo, e no que se quer e correr atrás disso não quer necessariamente ser egoísta. Os seis meses de vida de Will foi um presente à Lou e a ele mesmo. 

O livro trás várias passagens bacanas, selecionei então uma para vocês:


"Percebi que estava com medo de viver sem ele. Com que direito você destrói a minha vida - eu queria perguntar -, e eu não estou autorizada a dizer nada a você sobre isso? Mas eu tinha prometido.  E segurei-o, Will Traynor, ex-rapaz esperto da City de Londres, ex-mergulhador, ex-atleta, viajante, amante. Eu o mantive perto e não disse nada, durante todo o tempo repetindo, silenciosamente, que ele era amado."

Se me perguntarem se valeu a pena ler esse livro, vou responder da mesma forma que acho que a Lou responderia, se perguntassem à ela: valeu a pena amar o Will? - Valeu muito! Valeu cada segundo.